Terrorismo à moda da casa
Em meio aquele agito de empresários e Bolsonaro, pressionando o STF, o ministro Paulo Guedes, exaltado, anunciou o caos no abastecimento e que faltaria comida, o que nunca fora antes admitido até porque o suprimento das Ceasas é normalíssimo. Em nova rodada com empresários, a desta semana, o presidente quer a pressão do lobby contra o governador paulista: a ação tenta levar as empresas a sair das unidades favoráveis ao distanciamento como se isso fosse possível, ainda mais com as amarras da guerra fiscal e das vantagens recebidas. Na verdade a flexibilização está aí e em pleno vigor, a despeito da onipresença da pandemia, inclusive São Paulo, onde Dória afirma que 74% da economia estariam operando. É preciso botar uma lupa nesse dado que de certa forma o colocaria, por incrível que pareça, na linha justamente exigida por Bolsonaro.
O debate é o mesmo: o distanciamento oposto à retomada da economia, custe o que custar porque afinal todos morreremos um dia. O que já está acontecendo com o afrouxamento das cautelas e consequência visível na escalada, em progressão geométrica, das mortes.
Desiguais
Fila única no SUS sugere igualdade que afinal não temos como se vê no Enem no fato de que 40% dos que farão o exame não têm computador, o que se repete no caso do aplicativo para o ensino online da rede paulista, acessado por 1,6 milhão de alunos, menos da metade dos 3,5 milhões da rede estadual paulista. Outra evidência está na impossibilidade de praticar o distanciamento da quarentena nos milhões de favelados por não haver espaço nos domicílios.
Nem vem
Nem vem que não tem: não há plano B para o Enem e Bolsonaro insiste em que o exame deve sair, de qualquer jeito, este ano. Provas estão marcadas para novembro e teme-se que a pandemia se prolongue até lá.
O cerco
Novo recorde em 24 horas com 11.385 casos de Covid-19. Apenas na quarta 749 óbitos. Afinal chegamos a 188.974 casos e 13.149 mortes. Está cada vez mais difícil raciocinar. E se pintar por aí Bóris Karlof pode-se argumentar que é apenas um filme. O alto contágio por aqui levou a União Europeia a cogitar de barrar brasileiros quando as viagens internacionais forem retomadas.
Vendas
Além da queda na indústria e serviços, houve recuo de 2.5% em março, pior desempenho no mês em 17 anos. Valendo-se desses indicadores, Paulo Guedes anunciou que o isolamento impediu o país de gerar R$ 20 bi por semana, tudo na linha da retomada da economia como quer Bolsonaro.
O vídeo
A semana fecha provavelmente com a solução judicial do vídeo da chacrinha ministerial. Há comemorações o governo no sentido de que Sergio Moro levou a pior com a tese de uma revelação parcial como foi a dos exames da Covid-19 em Bolsonaro. Afinal os laudos indicam pseudônimos em dois casos e um terceiro nenhum dado pessoal do presidente. Gera, num clima ideológico, dúvidas como se dará com o evento do vídeo.
Mais Alexandre
Pintou mais um Alexandre nas mudanças da Polícia Federal, agora Alexandre Saraiva, uma saraivada de Alexandres.